9/12/2025
“Os perfis de investimento serão implementados? Seria interessante ter pelo menos três perfis para distribuir os Participantes de acordo com suas aversões a risco.”
A pergunta acima foi feita por um Participante ao final do painel “Estratégias de Investimentos para 2026”, apresentado pelo Diretor de Administração e Investimentos da Capef, Sérgio Clark, e pelo Gerente de Investimentos, Marcelo D’Agostino, durante o 32º Seminário de Investimentos e Benefícios.
Para quem não está familiarizado com o tema, os perfis de investimento são modelos que permitem ao Participante escolher a carteira do seu Plano entre diferentes combinações de risco e retorno, normalmente divididos em categorias como conservador, moderado ou arrojado.
Sérgio Clark explicou que a pauta vem sendo analisada apenas para o Plano CV I (e possivelmente para o Plano Família), e com muita cautela.
O Diretor relata que, desde a aprovação de implementação dessa possibilidade, a gestão tem feito um estudo de mercado, e a experiência de outras fundações serviu de alerta:
“Tem fundação que implantou, e hoje diz que não teria implantado. O feedback que a gente tem é que não foi tão exitoso. Pouca gente muda o perfil, muita gente escolhe uma vez e nunca mais mexe. E quando mexe, costuma fazer isso no momento errado”.
Segundo Clark, isso gera um problema prático: se apenas poucos Participantes optarem por um perfil mais arrojado, por exemplo, a Entidade seria obrigada a comprar ativos específicos só para atender esse pequeno grupo, o que cria risco, volatilidade e ineficiência de gestão.
Além disso, há o risco comportamental: “Muita gente entra no perfil arrojado no momento errado e volta para o conservador também no momento errado. Depois diz que o plano não entregou resultado, mas ele mesmo fez movimentos ruins ao longo do caminho”.
Perfis também podem prejudicar a carteira
Marcelo D’Agostino complementou trazendo um ponto relevante que traria impacto na carteira do plano:
“A partir do momento que você cria perfis de investimento, você abre mão de uma alternativa que usamos hoje: comprar títulos públicos e marcar na curva”, explicou, lembrando que essa modalidade de contabilização de títulos é o que garante previsibilidade, menor volatilidade e renda estável para planos maduros.
Mas, se existirem perfis, a Capef pode ser obrigada a vender títulos no mercado, e isso não é permitido quando eles estão marcados na curva, o que limita a gestão e aumenta o risco. Além disso, perfis gerariam oscilações que muitos Participantes não estão dispostos a enfrentar.
“No Brasil, a volatilidade é muito alta. Criar perfis traz uma oscilação que boa parte dos Participantes não tem estômago para acompanhar”, ressaltou.
ENTENDA O QUE É MARCAÇÃO NA CURVA E MARCAÇÃO A MERCADO
Por fim, o entendimento de Clark é que, no cenário atual, com carteiras majoritariamente conservadoras, maturidade alta e relevância estratégica da marcação na curva, outro modelo faria mais sentido de ser colocado em prática. “Se fosse para implantar hoje, não seria perfil de investimento. Seria ciclo de vida: perfil para o Ativo e perfil para o Aposentado”, concluiu.
A discussão sobre o tema continua nas pautas internas da Entidade. Caso haja definições ou novos encaminhamentos, os Participantes serão informados pelos canais oficiais.

